{"id":228,"date":"2012-02-14T00:27:01","date_gmt":"2012-02-14T03:27:01","guid":{"rendered":"https:\/\/www.ushuaialaska.com.br\/?p=228"},"modified":"2012-02-14T00:27:01","modified_gmt":"2012-02-14T03:27:01","slug":"castro-e-ponta-grossapr-12-e-1322012","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.ushuaialaska.com.br\/castro-e-ponta-grossapr-12-e-1322012\/","title":{"rendered":"Castro e Ponta Grossa\/PR – 12 e 13\/2\/2012"},"content":{"rendered":"

Num trabalho espiritual que participei em Julho de 2011, depois dos transes muito loucos, eu comia uma banana sozinho num canto e do nada veio conversar comigo uma negra careca ossuda bei\u00e7uda, toda de branco e cheia de brinco e argola, ainda mais pra l\u00e1 que pra c\u00e1. Perguntou meu nome, o que eu fazia, e afirmou que eu levava meus prop\u00f3sitos meio nas coxas. Eu disse que n\u00e3o, mas n\u00e3o insisti nisso que n\u00e3o sei o que d\u00e1 discordar de or\u00e1culos. Ela me disse que Ele me amava e saiu por a\u00ed. Isso aconteceu umas duas semanas antes do Fat\u00edcio me convidar pra fazer essa viagem.<\/p>\n

Ontem comemoramos duas semanas levando a vida nas coxas! Mais magrelos que as magrelas, mas cada vez mais condicionados. Ao finito e al\u00e9m!<\/p>\n

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Chegar a uma cidade nova tem sido sempre um desafio para achar um restaurante bom e barato que sirva muita comida; assim como o desafio, maior, de achar um lugar para passarmos uma ou mais noites, com valor m\u00ednimo ou de gra\u00e7a (at\u00e9 hoje s\u00f3 pagamos uma noite num hotel, porque estive com febre) com alguma seguran\u00e7a pra n\u00f3s e pras bicicletas e bagagens. Nosso repert\u00f3rio de estrat\u00e9gias inclui buscar a prefeitura (em particular as secretarias de esporte locais), igrejas, conventos, evang\u00e9licos, bombeiros, grupos de motoqueiros, Rotary club (nesse caso, ser\u00edamos filhos de s\u00f3cios, mas esquecemos a carteirinha em casa). Se n\u00e3o conseguirmos nada disso, temos a barraca e podemos pensar em arm\u00e1-la em casas vazias, cemit\u00e9rios, estacionamentos, ou em terrenos nos limites da cidade. E, se n\u00e3o houver outra op\u00e7\u00e3o e montar a barraca nessas situa\u00e7\u00f5es parecer nos oferecer algum risco, a\u00ed podemos pensar, talvez, quem sabe, com dor, pagar um hotel ou camping. Mesmo assim trazemos uma carteirinha de alberguista.<\/p>\n

Mas se relembrarmos todas as pessoas ou lugares que at\u00e9 agora nos hospedaram, uma parte foram contatos (o que tende a diminuir muito quanto mais nos afastarmos de S\u00e3o Paulo e de nossos conhecidos), outra parte foram pessoas dos locais rec\u00e9m-chegados que se esfor\u00e7aram pra nos abrigar de alguma forma, duas noites foram conseguidas em secretarias municipais de esporte e cultura (uma indiretamente, atrav\u00e9s do contato da Lurdes em Cap\u00e3o Bonito, outra diretamente com o secret\u00e1rio de Itapeva). Apenas ontem acessamos o couchsurfing.org , uma op\u00e7\u00e3o que consideramos muit\u00edssimo, e que logo explicarei melhor.<\/p>\n

Neste \u00faltimo s\u00e1bado dormir\u00edamos em Castro, cidade hist\u00f3rica de coloniza\u00e7\u00e3o holandesa. Logo ao chegar na cidade, buscando o centro pra achar algum movimento mas sem chances de encontrar prefeitura ou muito com\u00e9rcio aberto, um senhor veio nos perguntar de onde v\u00ednhamos. A conversa nem precisou durar tanto at\u00e9 que esse senhor, o Valdir, ap\u00f3s uma liga\u00e7\u00e3o pro filho, j\u00e1 estivesse nos conduzindo para um estacionamento nos fundos de um boteco onde poder\u00edamos montar a barraca e passar a noite.<\/p>\n

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S. Valdir, de Castro-PR<\/p><\/div>\n

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S. Valdir nos conduzindo at\u00e9 o estacionamento onde montar\u00edamos a barraca pra passar a noite em Castro<\/p><\/div>\n

No dia seguinte acordamos tarde, desmontamos a barraca, preparamos as bicicletas e partimos por volta das 13:00 em dire\u00e7\u00e3o a Ponta Grossa (seriam s\u00f3 40 km de estrada), a maior cidade por onde passamos desde a sa\u00edda de S\u00e3o Paulo. Chegamos umas 16:00 do domingo com a perspectiva de que seria bastante dif\u00edcil achar um lugar pra passar a noite.<\/p>\n

Mas ontem a sorte definitivamente esteve do nosso lado. O fim de semana das cidades pequenas efetivamente \u00e9 usado pra parar, \u00e9 dif\u00edcil achar com\u00e9rcio aberto, n\u00e3o h\u00e1 prefeituras funcionando, e menos pessoas nas ruas. Mesmo em Ponta Grossa, que \u00e9 uma capital regional, um grande centro urbano paranaente, tivemos dificuldade pra achar um restaurante aberto na tarde de domingo.<\/p>\n

Achamos um prato feito aberto e durante o almo\u00e7o, ataquei o prato e o Fat\u00edcio demorou uns 15 minutos pra come\u00e7ar a comer, ficava s\u00f3 fu\u00e7ando a internet no celular dele. Como ele faz isso com bastante frequencia, pra acessar mapas, enviar mensagens, continuei comendo. No meio do almo\u00e7o ele comentou que haviam 13 pessoas cadastradas no couchsurfing em Ponta Grossa, e que estava enviando solicita\u00e7\u00f5es de hospedagem. Ao fim do almo\u00e7o, menos de meia hora ap\u00f3s a solicita\u00e7\u00e3o, j\u00e1 t\u00ednhamos uma resposta positiva de algu\u00e9m que morava a poucos quarteir\u00f5es de onde almo\u00e7amos. Claro que comemoramos barcelonicamente, espartanamente.<\/p>\n

O couchsurfing.org (couchsurfing, traduzido do ingl\u00eas, significa literalmente “surf de sof\u00e1”) \u00e9 um site que hospeda e agencia o perfil de pessoas cadastradas no site e interessadas em hospedar viajantes ou serem hospedadas gratuitamente por pessoas de outros lugares do mundo tamb\u00e9m cadastradas. H\u00e1 formas de conferir credibilidade aos usu\u00e1rios, por meio de testemunhos de quem viajou ou recebeu viajantes sobre os usu\u00e1rios com quem se relacionaram. O Fat\u00edcio j\u00e1 hospedou muita gente e j\u00e1 foi acolhido diversas vezes desde 2007, quando abriu seu cadastro no site. \u00c9 quase um membro honor\u00e1rio. Eu n\u00e3o, nunca pude hospedar ningu\u00e9m (apesar da vontade) e tive minha primeira acolhida (gra\u00e7as ao Fabr\u00edcio) apenas ontem, pela Eva e o Cl\u00e1udio, rec\u00e9m-cadastrados e cujos primeiros hospedados em sua casa fomos n\u00f3s. E que maravilha tem sido! Estou escrevendo da casa deles agora mesmo, e combinamos desde o in\u00edcio que passar\u00edamos duas noites e seguir\u00edamos viagem.<\/p>\n

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Pitucho, o gato japon\u00eas, com sua refei\u00e7\u00e3o matinal: um pardal morto-matado. E laser nos olhos.<\/p><\/div>\n

A Eva e o Cl\u00e1udio se conheceram no Jap\u00e3o, onde moraram durante muitos anos, voltando para o Brasil no ano passado junto com o pi\u00e1 da Eva (seu filho Calil) e o gato Pitucho. Nenhum dos dois \u00e9 natural de Ponta Grossa (ela \u00e9 MT, ele \u00e9 SP). Nos fizeram sentir extremamente \u00e0 vontade na casa deles (que \u00e9 tamb\u00e9m seu espa\u00e7o de trabalho, com e-commerce), preparando refei\u00e7\u00f5es gostos\u00edssimas (anoto aqui as anchovas pra lembrarmos no futuro), e conversando muito sobre Jap\u00e3o, economia, internet, tecnologia, gatos, um pouco de bicicleta, sempre com conhecimento e senso cr\u00edtico. Sinto que preciso renovar a lingua portuguesa pra dar conta de agradecer algumas dessas pessoas que tem nos ajudado no caminho, os superlativos n\u00e3o bastam e s\u00e3o meio baba-ovo demais. Fora a identifica\u00e7\u00e3o que temos tido com algumas dessas pessoas (tem sido o caso com o Cl\u00e1udio e a Eva) que nos deixam saudosos antes mesmo de partirmos.<\/p>\n

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Fat\u00edcio e Cl\u00e1udio em Ponta Grossa-PR<\/p><\/div>\n

Amanh\u00e3 acordaremos as 5:50, tentaremos sair as 7:00 em dire\u00e7\u00e3o a Prudent\u00f3polis, a quase 100 km de Ponta Grossa.<\/p>\n

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